sexta-feira, 8 de junho de 2007

A saudade não me assusta. Tremo perante o ódio, a guerra, a desconfiança ou a morte. A saudade alimenta, resguarda os bons momentos e apura-me o paladar. Consome-me pela intensidade e pela força. Hoje sinto. Já houve dias em que não senti e desses não guardo nostalgia.
Em tempo de discursos de despedida, quero também recordar a surpresa. A surpresa que foi descobrir a todos, ultrapassar preconceitos e descobri-me. Ridículo ou não, todos os anos na passagem de ano peço os tradicionais 12 desejos. A maioria deles não passa da 00:01, mas o desejo de me surpreender é recorrente. Recordo a vontade da surpresa no dia seguinte e durante todo o ano. Houve alturas em que ela não surgiu. Este ano aconteceu 24 vezes. Em cada um de vocês, nos momentos mais inesperados e perante as situações mais estranhas.
Guardo os quilómetros percorridos com o Botelho, as confidências partilhados com a Cláudia, a honestidade da Mafalda, a verdade da Ana, a ternura do Mário, o rodopiar do Emanuel, a criança no Hugo e a disponibilidade do Carlos Nabais. Lembro o riso contagiante do Ângelo, o abraço caloroso da Daniela, o misticismo do Jorge, a liberdade do Marco, o olhar quente do Rui e a leveza da Sara. A Susana fica como uma porta entreaberta, da mesma forma que permanece a emoção da Ivone, os sonhos que povoam o Bruno, a presença contagiante do Carlos Gonçalves ou a descoberta da Tânia. Do Jaime fica o encanto, da Nanci a vontade, da Rita o olhar irrequieto e da Patrícia a companhia.
(Mariana Santos)